Danielle Soprano Pereira também atende pelo nome indígena Adana Omágua Kambeba, que remete ao seu povo de origem, os Kambeba, também conhecidos como Omágua, que significa “povo das águas”. Formada em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, ela sonha em retornar para o Amazonas, onde pretende trabalhar como médica. Quando isso acontecer, Adana exibirá um registro profissional que carrega seus dois nomes, tanto o indígena quanto o português, direito conquistado com auxílio do Instituto Brasileiro de Direito de Família – IBDFAM.

“Ao me formar, entrei em contato com o Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais – CRM-MG para dar entrada no processo da minha inscrição médica com o objetivo de ter o reconhecimento dos meus dois nomes na carteira médica, no carimbo e no site do Conselho Federal de Medicina – CFM”, ela conta.

Para isso, Adana solicitou orientação de um conselheiro e precisou dialogar com diversos setores do órgão como Registro, Superintendência, Presidência, Coordenação de Projetos e Jurídico. Toda essa movimentação tinha um motivo: tratava-se da primeira vez no Brasil que um profissional de Medicina tentava obter um registro com dois nomes.

“Diante da minha situação única, o CRM-MG procurou me apoiar por meio do setor jurídico, que estudou o meu caso, procurando situação semelhante. Os casos que mais se aproximavam era o de médicos e médicas transgêneros. No entanto, minha intenção não era anular um dos nomes e, sim, que fossem reconhecidos os dois”, afirma.

Por se tratar de uma entidade de classe integrante da Administração Pública, o CRM-MG não possuía autonomia para lidar com o caso de Adana, por isso o pedido foi indeferido e encaminhado para a Diretoria do CFM. Após análise do órgão federal, o pedido de Adana foi deferido e encaminhado para o setor de Informática, que abriu nova aba no site para acrescentar seu nome indígena junto ao nome em português.